quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Construindo seu currículo de desenvolvedor de software e segredos super especiais para se destacar em entrevistas

Desenvolver software ou levantar requisitos (ou os dois juntos e misturados!) não é nem uma ciência exata e esgotada e tampouco existe gente em abundância capaz de exercer tal profissão.

A última pesquisa é de 2014 e levanta bons questionamentos, Mas mesmo assim ter talento infelizmente não é sinônimo de emprego fácil e boa remuneração.



É, de fato, uma enorme injustiça, mas a forma com que o mercado capitalista funciona demanda uns conhecimentos adicionais além daquelas linguagens funcionais de programação que você, jovem desenvolvedor ispilicute, domina tão bem.

Em primeiro lugar, faça a sua checagem de realidade. Vai trabalhar pra viver ou vai trabalhar porque quer ganhar experiência?

Para alguns estudantes a única obrigação é para com os estudos. Possuem tempo, oportunidade e um bom patronato, isto é, não pagam aluguel e nem precisam trabalhar o quanto antes pra poder se manter.

Este primeiro perfil deve procurar trabalho para ganhar experiência e pode fazê-lo mais tardiamente, faltando umas poucas cadeiras e a monografia.

O choque de realidade aqui é o seguinte: se te disseram que o seu diploma é um cartão automático para ganhar 5 a 10 salários mínimos por mês + benefícios, você está enganado. Você não vai achar isso fácil por aí. Tem os concursos e as gigantes da TI, que fazem até uns testes de QI e perguntam se você quer se mudar pra hortolândia, mas são a exceção e não a regra. Seus primeiros passos demandam humildade, e se você escolheu bem a empresa pra dar seus primeiros passos, logo você conhecerá os planos de carreira dela e vai, por um tempo, achar aquilo bom. Mas me alongo nisso depois, voltemos aos perfil de estudante.

Um outro grupo vai precisar trabalhar, por conta dos mais distintos motivos. Para estes eu digo "bem-vindos à guerra".

Se você não tem opção, bom, aceite desde cedo que estudar e trabalhar vão converter você num pato: sabe nadar, andar e voar mas não faz nenhum dos três direito.

A ideia não é lhe desanimar, mas o justo oposto: as adversidades que surgirão por conta de conflitos de horários, menor remuneração por conta de qualquer desculpa que a não-tão-bacana empresa que lhe contratou arrume e o cansaço físico vão lhe render, a longo prazo, uma visão mais clara de mundo.

O seu choque de realidade aqui é outro: Sim, se você decidir largar os estudos e apenas trabalhar, porque chegou até mais da metade do curso e sabe o suficiente pra tocar o trabalho, você crescerá mais rápido e terá mais tempo pra descansar. Por outro lado você acabou de jogar fora o estágio 2 do seu foguete, seja bem-vindo à baixa órbita, é por aqui que você vai ficar.

A formação acadêmica é algo que nunca tem fim, e mesmo que algumas cadeias da faculdade pareçam muito teóricas, lá na frente elas farão sentido. elas são a base. Algumas coisas muito importantes na computação estão fundamentadas há muito tempo e não há sinal de que irão mudar.

Portanto não abandone sua formação. Mude para um curso noturno. Mas não abandone.

Adiante.

Quero relembrar que uma segunda ou terceira língua são muito importantes. Lembrem-se, seres humanos capazes de criar sistemas são relativamente raros, e não se espante se você se candidatar a uma vaga no exterior e ser chamado pra se mudar. remote ou visa sponsor.

É importante ter consciência de onde você está se metendo ao começar a trabalhar. Sim, claro, colocar seus conhecimentos de academia pra funcionar na linha de batalha é muito bom, mas tem um aspecto importante que poucos levam em conta quando escolhem (porque no final você sempre escolhe, pode escolher não ir, por exemplo) uma empresa pra trabalhar: as pessoas que lá estão.

Na mesma medida que seus talentos no ofício vão crescer, você será emocionalmente e culturalmente contaminado pelo lugar. É importante ter consciência disso. Se possível, ficar sempre alerta, saber o que lhe é bom e o que não é bacana você assimilar para o seu perfil profissional. Exemplo:

Um desenvolvedor comete um erro e propaga pelas máquinas dos demais desenvolvedores um pequeno erro. Foi um erro bobo, juvenil, comitou pro master sem rodar os testes. Qual a reação da equipe?

Você vai levar a reação deles pra vida. Mas só se você, consciente que é, permitir isso.

Se o ambiente for de colaboração, é o que você será também. Um profissional que colabora com os outros.

Eu sempre recomendo o vídeo "Faça boa Arte" (devo ter mencionado em outros artigos, mas vai de novo!), com foco especial para as três valiosas características de um profissional. Parafraseando de modo geral, as pessoas conseguem trabalho porque... de algum modo elas conseguem trabalho. Mas elas continuam conseguindo trabalho porque:

  1. São legais
  2. São boas no que fazem
  3. Entregam no prazo
E você, de acordo com o vídeo, nem precisa das três ao mesmo tempo, duas está ótimo.

Brincadeiras a parte, estes são os três principais aspectos que você deve trabalhar num ambiente de trabalho. 

Seja legal com as pessoas e você sempre terá com elas abertura para facilitar o andamento do seu trabalho.

Seja bom no que você faz. Teste seu código, evite defeitos.

Cumpra os prazos. Você não precisa entregar adiantado, basta, conforme visto em nosso último artigo, criar uma expectativa de entrega e acertar a data.

Em um dado momento você terá de fazer decisões difíceis. Por vezes seu crescimento profissional pode passar por uma mudança de ares.

Mudar de emprego deve ser avaliado muito bem, e tenha em mente que o valor do salário jamais deve ser o único critério para mudança. Mas esse tema é mais profundo e vou deixar para outro artigo.

Voltemos à nossa realidade estudantil por um momento. Muito bacana isso de entender onde vamos nos meter, mas... como convencer o RH da empresa a me contratar?

Em primeiro lugar tenha um bom currículo. E não estou falando daquele .doc perdido por aí. Estou falando do seu github, bitbucket, gitlab, sourcefoge, codeplex, qualquer coisa que evidencie que você sabe produzir código. Se tiver um blog, twitter ou coisa que o valha, ainda melhor.

Vivemos hoje num mundo onde sua reputação fala muito.

É parecido com o que os artistas já vivenciam, sejam fotógrafos, ilustradores ou webdesigners, eles possuem um portfólio pra mostrar o que sabem.

E como construir uma coisa dessas? Muito simples, coloque lá naqueles serviços de versionamento de código tudo o que você escreveu.

Claro, não suba código que não lhe pertença e nem código contendo informações sensíveis, mas falamos dos detalhes disso num outro momento.

E comece a fazer isso cedo, desde os primeiros trabalhos de faculdade até a implementação da sua monografia. 

Com o passar do tempo seu estilo vai melhorando e o volume crescendo. E assim você terá quantidade e qualidade também.

Muitos alunos de cursos de tecnologia ignoram este passo e durante a entrevista tem em sua defesa o parco pedaço de papel na mão da psicóloga que toca sua entrevista. Não caia nesta cilada. E nem nas outras, a saber:

Durante uma entrevista você estará sendo medido. As perguntas virão pra ver como você se sai em seu aspecto interpessoal. Então, se você é meio tímido, saiba que um bom momento para demonstrar confiança é ali, na entrevista. Não precisa se passar por bichão, apenas demonstre que se você tem propriedade sobre algum assunto, e se o objeto de debate é importante então você consegue deixar isso claro. Se as pessoas que recebem informação valiosa sua vão ou não reagir a isso, dependerá da maturidade delas em ouvir e não da sua capacidade (ou falta de) de transmitir.

Eventualmente as entrevistas possuem várias etapas e uma delas e a entrevista técnica. Dependendo do cargo que você está concorrendo, não se acanhe em dizer que não sabe. Não é demérito não conhecer, por exemplo, JPA ou JSF se você está no terceiro semestre e viu apenas o básico de java. Procure deixar claro queo que você deseja é a oportunidade de estudar estas coisas e se tornar produtivo nelas.

Evidente que se preparar também ajuda, devo ter citado isso em outros artigos, mas se você tiver condições de estudar novas tecnologias que não estão na grade escolar... por que deixar de lado? 

Não se abata se o resultado da entrevista não for contratação. Na verdade ter qualquer resposta já diz muito sobre a empresa. Empresas que não dão nenhum tipo de retorno aos candidatos muito provavelmente eram ambientes nocivos mesmo (evidenciado pela desorganização, não responder candidatos evidencia desorganização).

Por outro lado, se um RH liga pra você e lhe oferece uma contra-proposta salarial abaixo do que você pleiteou e diz que você tem que responder agora pois tem mais pessoas interessadas, nunca aceite. Diga que não foi isso o combinado e que você está aguardando a resposta de outras tantas empresas.

Aliás desconfie das empresas que não anunciam publicamente salário. Este salário está alegadamente escondido para que possa existir uma negociação diferenciada de profissional para profissional, mas na realidade o propósito é esconder as novas faixas salariais dos profissionais que já estão trabalhando ali e isso por si só mostra como um profissional da casa é medido.

As deficiências em gerenciamento de recursos humanos dão outro artigo então vou deixar pra me aprofundar nisso depois.

Encontrar seu primeiro trabalho no grande mercado é algo que faculdade alguma vai lhe preparar. Mas você pode se sair bem, basta lembrar destas dicas básicas aqui apresentadas, além de se valorizar e evitar ser manipulado.

Vale a velha regra de outro: o combinado não sai caro.

E então? já comitou os trabalhos do semestre? ainda não?

Devia comitar.








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