sábado, 24 de setembro de 2016

Primeiros passos: entendendo o caminho profissional adiante

Semestre após semestre eu vejo esse povo, cada vez mais novo, trotando pelos corredores e indo de uma aula para outra. O Instituto é fervilhante e cada um ali tem uma história, o que não vem ao caso, e de vem em quando um plano também.

Mas nem todos tem um plano, uma ideia do que irão fazer.



E diferente do que os mais neuróticos irão dizer, está tudo bem. Não tem problema.

Veja, não deixe aquele discurso de "você tem que fazer algo de útil da vida" seja-lhe imposto e estrague o que você quer fazer de fato da sua vida. Já vi colegas de classe em conversas tremerem dizendo que não aguentavam mais o curso, em outra situações vi gente dizendo não se imaginar fazendo outra coisa. Quem está no caminho certo? Eu posso lhe garantir que nenhum dos dois está.

Gosto de dizer que a principal função da infância é brincar e sofrer traumas, ao passo que a função da adolescência e vintolescência é experimentar o mundo pra saber que gosto lhe apetece. Posto isso não dá pra dizer que se escolheu a profissão errada aos 20 anos, tampouco que escolheu a certa.

Para aqueles que alimentam aquela convicção do que desejam desde muito cedo, nada temam nem se sintam menores por isso! Se não descobrir outras áreas de interesse agora, lá na frente elas surgirão também. É assunto para outro artigo, então falemos disso depois.

Agora que fechamos nosso papo inicial, vamos falar da realidade que pretendo apresentar:

Você, jovem estudante da área de tecnologia, você que sonha em criar jogos ou trabalhar na pixar, você que é bom em matemática (ou não), física, gosta de xadrez, você que acha mais simples e envolvente resolver uma equação do que interpretar um texto, e você também que escolheu o curso só pra ver no que ia dar.

A você eu dou boas vindas!

Este texto foca na Engenharia da Computação do IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, mas o escopo também diz respeito a outras faculdades, ADS, SMD, CS, e por aí vai.

Agora vamos aos 10 fatos importantes sobre estudo e carreira:

  1. Os primeiros semestres são muito distantes tanto dos seus sonhos quanto da realidade. Se você achar que aquele professor de calculo não te ajuda em nada, saiba que qualquer professor vai ter lhe ajudado mais do que você sequer imagina quando você for viver utilizando tudo o que aprendeu.
  2.  A coisa mais importante que você terá de aprender, e quanto antes melhor, é que não espere que ninguém, nem mesmo o professor, entregue tudo simples e mastigado pra você. Esse tempo está por acabar. Tem a ementa da disciplina? guie-se por ela também. Tem prova marcada? pergunte qual a matéria. Determinada atividade extracurricular tem pré-requisitos que você ainda não cumpriu? Estuda por fora ou cursa disciplinas adicionais no próximo semestre. Isso se chama proatividade em benefício próprio. Se você mesmo não faz algo por você, nem espere isso dos outros.
  3. Tão importante quanto os valiosos conhecimentos técnicos que você irá adquirir são as suas habilidades interpessoais. Isso é muito sério. Tire uns minutos e faça a você mesmo um favor assistindo o valioso "Faça boa Arte", ele explica por que você consegue um trabalho e porque as pessoas continuam trabalhando com você. 
  4. Conhecer uma segunda língua é commodity. Você já deveria ter. E se não tiver, corrija isso urgentemente. Nem falo do velho cursinho de inglês, até um uso sadio do duolingo vai lhe dar condições de, caso necessário, ler um artigo técnico e fazer seu trabalho dentro do prazo.
  5. Uma das coisas mais valiosas do seu futuro profissional é a sua rede de contatos. O tal networking. Essa parte é bacana porque na faculdade fazer networking é igual a fazer amigos. O que não é óbvio quando somos mais novos, mas se evidencia quando começamos a trabalhar é que aqueles estudantes inexperientes de 4 ou 5 anos atrás hoje são profissionais altamente treinados que podem tanto lhe ser úteis quanto precisar dos seus serviços.
  6. É de praxe que as oportunidades de estágio surjam apenas a partir do terceiro semestre. Isso é assim porque, em teoria, o candidato ao estágio já tem um ano e meio de estudos em uma linguagem de programação. Adicionalmente, há grandes chances de cadeiras estratégicas como pesquisa e ordenação já terem sido cursadas, então é mais fácil fazer o jovem code-monkey ser útil.
  7. Como regra geral, só do meio do curso pro final é que você vai ver algo relevante para o seu futuro dia a dia profissional. A cadeira de banco de dados, por exemplo, não apenas vai lhe apresentar ao SQL mas também vai lhe ajudar a como entender o mundo e esquematizar ele numa base de dados. É uma das primeiras experiências efetivas de análise, coisa que depois de saber programar é o que mais tem chances de lhe ser útil pra colocar o pão na mesa.
  8. Não se resuma aos conteúdos vistos em sala de aula, principalmente os de tecnologia. Os livros não acompanham, ecossistemas inteiros nascem e morrem dentro dos 5 anos de curso. Conhecer as comunidades de desenvolvedores (user groups das mais variadas linguagens e frameworks são o começo) é imprescindível para lhe manter alinhado com cenário de trabalho da sua cidade, país, mundo.
  9. Você deve dominar muito bem uma linguagem, mas deverá ser capaz de trabalhar com várias. Ao mesmo tempo. Um aplicativo para a internet, por exemplo, conta com banco de dados, servidor e interface html para o cliente. Isso dá umas 5 linguagens distintas. Parece muito, mas daqui a 3 anos você vai ver que não é.
  10. Saiba construir o seu portfolio. E é pra começar agora. Aquele trabalho em C, aquela implementação em Java, o projeto web daquela cadeira perdida, tudo isso tem que ir para o seu github. Como?! não sabe o que é github?! Vai ter um artigo só pra isso, mas se eu fosse você faria a sua conta agora.
Seguir estes 10 passos é sinônimo de sucesso? Talvez. Eu lhe garanto que é melhor do que não ter plano algum. Isso é baseado em minha própria experiência, mas você verá mais gente recomendando coisa parecida.

Seguir estes passos coloca-lhe 10 passos adiante na vida profissional de desenvolvimento de software. O guia como um todo vai procurar te dar apoio caso você perceba que pode, de fato, viver uma vida traduzindo as loucuras que as pessoas fazem no seu dia a dia em sistemas, aplicativos, jogos, apps, como quer que chamem. Você será um reimaginador de vidas, mas falo disso depois também.





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